A Anatel autoriza a fase experimental da prestação de serviços de telefonia móvel via satélite.
março 12, 2024A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) utilizou um mecanismo chamado Sandbox Regulatório, uma abordagem que flexibiliza as regulamentações para projetos de telecomunicações considerados de grande relevância para o país.
O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deliberou, durante uma reunião virtual realizada na quinta-feira (7/3), a aprovação da prestação experimental de telefonia móvel via satélite (Serviço Móvel Pessoal), conhecida como Direct-to-Device – D2D.
Para viabilizar essa prestação experimental do D2D, a Agência optou por empregar uma ferramenta chamada Sandbox Regulatório, que suspende temporariamente as regras regulatórias que possam apresentar obstáculos a determinados projetos. Isso só é possível quando os estudos possuem perspectivas de relevância para o avanço tecnológico e para a promoção do acesso às telecomunicações no Brasil.
Segundo o conselheiro Alexandre Freire, relator do assunto, “o sandbox é um mecanismo destinado a fomentar a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias, sem as restrições regulatórias convencionais, e tem o potencial de viabilizar e incentivar inovações no mercado regulado”. Isso significa, em última análise, permitir a implementação da inovação, conforme descrito por Joseph Schumpeter como “destruição criativa”, um processo que revoluciona continuamente a estrutura econômica, destruindo o antigo e criando elementos novos.
O primeiro pedido de interesse em D2D foi apresentado pelas operadoras Claro e TIM, em parceria com a operadora de satélites AST Space Mobile. Conforme a decisão do Conselho Diretor da Anatel, outras empresas com autorização de uso do espectro de telefonia móvel podem utilizar o Sandbox Regulatório para o D2D.
A solicitação para utilizar o Sandbox deve ser feita pelas operadoras de Serviço Móvel Pessoal (SMP), detentoras das faixas. O conselheiro Alexandre Freire determinou que a fiscalização da Anatel acompanhe o Sandbox, especialmente em relação ao seu impacto sobre os consumidores.
O D2D permite que os consumidores de telefonia móvel transmitam voz e dados de seus aparelhos por meio das frequências do Serviço Móvel Pessoal para satélites de baixa órbita, que retransmitem o sinal para torres de telefonia fixas no solo. Apesar dos desafios técnicos envolvidos no uso da frequência de telefonia móvel com satélites, há grandes perspectivas no Brasil, especialmente para o agronegócio e para comunidades sem cobertura móvel.
Para Freire, “a solução D2D tem um potencial significativo para ampliar a cobertura do serviço móvel pessoal, reduzindo a exclusão digital ao fornecer serviços de telecomunicação em áreas remotas e rurais. Ao tornar os serviços de telecomunicações mais acessíveis a uma parcela maior do território nacional, isso contribuirá para impulsionar o desenvolvimento econômico e para empoderar os indivíduos, ampliando a conectividade de maneira significativa.”
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, enfatizou que o sucesso do projeto D2D seria uma revolução diante dos desafios de conectividade e universalização dos serviços no país. Durante a reunião do Conselho Diretor da Anatel, ele fez referência à proposta sobre o uso do espectro e à interferência dos satélites não-geoestacionários apresentada pelo Brasil na Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC-23) em Dubai.
O Sandbox Regulatório para o D2D permite que os estudos autorizados tenham uma vigência de dois anos, superior ao período possível conforme a regulamentação em vigor. Essa não é a primeira vez que a Anatel utiliza esse instrumento; ele já foi empregado anteriormente para o Uso de Repetidores e Reforçadores de sinais do SMP por prefeituras, com o objetivo de expandir a cobertura daquele serviço, em uma deliberação realizada em fevereiro passado.
Freire ressalta que o uso do Sandbox neste projeto está alinhado com os objetivos previstos no Decreto Presidencial nº 11.738, que visa fortalecer a capacidade institucional para a gestão em regulação. Esses objetivos estão relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, especialmente aos relacionados à erradicação da pobreza, promoção da saúde e bem-estar, educação de qualidade, desenvolvimento econômico sustentável, indústria, inovação e infraestrutura, redução da desigualdade e paz, justiça e instituições eficazes.
Por fim, o conselheiro afirma que, através do Sandbox Regulatório, “a Anatel busca modernizar suas políticas regulatórias para um ambiente mais alinhado com a implementação de inovações, e visa subsidiar futuras ações para o aperfeiçoamento do arcabouço regulatório, atendendo às necessidades dos consumidores e fornecedores no mercado regulado”.O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deliberou, durante uma reunião virtual realizada na quinta-feira (7/3), a aprovação da prestação experimental de telefonia móvel via satélite (Serviço Móvel Pessoal), conhecida como Direct-to-Device – D2D.